Intercâmbio de jovem brasileiro deve ser uma coisa engraçada na cabeça deles, pois nós, os pais, os criamos super agarradados, mimados, dependentes e protegidos, e um dia… eles vão para o outro lado do mundo, com dinheiro no bolso, liberdade , e … sozinhos ! A gente pensa que nem eles nem nós daremos conta, mas damos! Pois bem, minha filha está terminando essa etapa ( Graças a Deus já está quase de volta!!! ) e é com muito orgulho dela que fui visitá-la na sua cidade, para a festa e o discurso de encerramento o desse período na escola, período esse que foi tão importante na vida dela!
Eu mesma já passei pela experiencia de ser uma exchange student por 2 meses, aos 20 anos, em Londres. Para mim foi muito rico, mas tambem sofri muito com a saudade,mesmo por menos tempo. Mas… a vontade da Rafa veio aos 15 anos, e como achávamos ela ainda imatura para o projeto na época , esperamos ela fazer os 16 anos, e foi melhor mesmo assim. Um ano é muita coisa nessa época da vida deles!
Geralmente, eles manifestam a vontade entre o 1o e o 3o ano do II Grau, e é bom que a vontade seja deles mesmos, pois o início é pauleira! Saudade, dificuldade com a língua, de adaptação, casa sem empregada, amigos novos, dificuldade de locomoção, escola nova…ufa!!! As variáveis são muitas e o clima é bem tenso no início! No caso da Rafa, ela não era fluente em inglês, e foi isso que a moveu. Penso que o intercambista “de carteirinha “ precisa de ter mais que esse mote: tem que ter anseio de mundo, de liberdade, de experiencias, etc . Quando ele tem isso dentro dele, as coisas se tornam mais fáceis. Como ela não tinha isso fortemente dentro dela, teve que adquirir na marra !
Ela optou por ir no 2o. ano, para não interromper seus estudos para o vestibular no 3o, pois é verdade verdadeira que o ensino fora é fraquissimo, e o ganho é só na lingua e na experiencia de vida mesmo. O estudo? Vão ter que correr muito atrás do que perderam qdo voltarem, todos eles, sem excessão, pois ficarão sem a matéria dada aqui no Brasil.
A 1a. decisão a tomar é: vai ser em casa de familia ou vai morar em escola? Depende do perfil de cada um. No caso da Rafa , ela gosta de uma companhia, de estar em familia, de se sentir acolhida e cuidada. Então, ela nem pensou em morar em escola.
A 2a. é: vai atraves de qual empresa? Os jovens da familia já tinham ido pelo STB, e é sabido que eles são antigos no ramo e seríssimos! E através deles, o direcionamento da familia fica bem mais fácil. TODAS as demandas da Rafa foram atendidas, T-O-D-A-S!!! Ela pediu uma casa só com irmãs,pois queria ficar mais à vontade; pediu que tivesse na casa uma outra intercambista mulher,e aí, ela marcou um gol! Ela assim, garantiu uma companhia ( que virou uma amiga) para irem para a escola juntas, viajar, ver filmes, conversar em ingles 24 hs/dia, sair, fazer esportes, falar das coisas da idade , da casa, da familia, falar mal, se necessário !!! ( às vezes a gente precisa desabafar…), e essa pessoa ajudou o ingles dela a evoluir rapidamente, pelo excesso de contato com a lingua.
O PAÍS – A Rafa nem nós admitíamos a hipótese dela não passar o Natal em casa. Com isso, Canadá e EUA ficaram de fora. Inglaterra seria uma opção, só que o STB trabalha só com 1 cidade ( BRIGHTON) e uma escola. Resultado disso? Uma brasileirada junta, fazendo uma farra danada,e no caso dela, cujo foco é o INGLÊS, ela não aprenderia nada, pois se ajuntaria ao grupo de brasileiros e falaria portugues 24 hs/dia. Sobrou Austrália ( evitei pelo sotaque meio estranho, não queria que ela aprendesse uma lingua assim…) e a NOVA ZELANDIA, suuuuper longe, sujeita a terremotos, 15 horas de fuso, mas foi a opção que mais se encaixou com os nossos anseios. E no mais…REZAR !!!!! pra não acontecer nada! Minha sobrinha ja fez intercâmbio na NZ e comentou como as familias gostam e acolhem bem os intercambistas. Eu só tinha ela como parâmetro de NZ, agora tenho o meu: suuper concordo com ela! As familias fazem pelo dinheiro, claro!! mas tambem porque aqui é uma tradição.Eles gostam de interagir, cuidam do jovem, mandam o lanche de almoço, jantam em familia, super legal! Vi isso muito de perto na festa de encerramento: conversei com outros intercambistas, com as host families, com as professoras, eles amam essa historia de ter um international student em casa. A outra sobrinha que foi para Londres, comentou que a familia não se envolveu com ela, e interagiram pouco, e ainda teve “ racionamento “ de comida…kkk…então , optamos pela opção NZ mesmo!
A CIDADE DELA – POR QUE WANAKA? – Mais uma vez a orientação do STB ( GLADIS e equipe) foi fundamental: Ela abre uma gama de cidades, com no. de habitantes, fotos, atrações da cidade, etc etc. De cara descartamos as cidades grandes e as de praia da Ilha Norte pelo excesso de brasileiros em cada uma delas: 15, 20, 12 … e eu e a Rafa sabíamos que amigável e sociável como ela é, ela entraria de cabeça no grupão e passaria 6 meses apenas tendo…lots of fun!! E cortamos essas cidades por esse motivo: ela queria uma experiencia rica ,uma historia pra contar- e estando com amigos recem-feitos , todos da mesma idade, com $$ no bolso, batendo perna em shopping… uhmm..não ia dar certo! Surgiu então WANAKA- uma cidade ski, com 5000 habitantes, sem transporte publico, com um lago deslumbrante, vida ao ar livre,uma escola espetacular, uma visão de cartão-postal! E tinha um brasileiro lá: O STB colocou eles em contato- FACEBOOK- e o Lucas falou maravilhas da experiencia que estava tendo ! Resolvido- WANAKA- cidade pequena ( RECOMENDO!! menos preocupação com night, com drogas, as pessoas se recolhem cedo,todo mundo se conhece…), decisão dela, ponto para ela. Tomou uma decisão madura, pensou no que ela realmente queria, e voltou com 2 habilidades( quem não quer???? ) INGLES e SKI! Sim, pois como ela foi no inverno, esquiou de julho ate final de setembro, no minimo 2 X/ semana, com a escola e com a familia, que tambem ama! Alias, a cidade toda curte ski no inverno e o lago no verão( caiaque, canoa, rafting, escaladas nas montanhas… uma vida super legal ! ) E embora a cidade seja pequena, tem de tudo: Cinema, Subway, Cafes, e os jovens se encontram todas as tardes antes de voltarem para suas casas para o jantar às 18 hs.
FAMILIA – O STB manda fotos dos cômodos da casa, do quarto ( é obrigatório que seja individual, e com a mesa de estudo individual tbém! Manda foto da familia com idades,cor, nacionalidade,profissão,hobbies, religião , likes e dislikes ! Tudo isso evita alguma surpresa desagradável , com certeza! No caso da Rafa: a mãe é inglesa( certeza de um inglês sem sotaque estranho), e ela adotou 2 chinesas! Pronto :aí ela me ganhou! Existe um coração maior e mais generoso do que de quem adota? ainda mais de outra nacionalidade e raça? Claro que ela cuidaria bem da Rafa, pois ela cuida bem do que aparece na vida dela, é ou não é? E ainda por cima, profissão:chefe !!! Perfeito: comida não seria um problema! E tudo foi verdade, e aconteceu como previsto! Familia ótima, com valores e regras rígidas, mas amor, carinho, respeito , hierarquia, gratidão e ética existem nessa casa!
A ESCOLA – particular ou pública? Pensamos em escola publica , pois além de serem excelentes e controladas de perto pelo governo, são escolas classe média, que era a vida que a Rafa deveria levar. Gostariamos que ela ajudasse nas tarefas de casa como as filhas fazem, no jardim, na lenha da lareira, etc etc , para ter realmente uma nova experiencia de vida. E a escola tinha um diferencial : a matéria OUTDOORS, que são práticas esportivas ao ar livre , ao sabor das estações do ano. Julho/ago/set – ski, pernoite na montanha em acampamentos montados por eles, dormindo em iglus construidos por eles mesmos, cozinhando eles mesmos, visitas aos glaciares em caminhadas de 5 a 6 horas com pernoite na floresta, como escoteiros, o que foi o máximo! Ela teve novas experiencias que ela jamais viveria em uma cidade grande, e tem as fotos mais lindas e interessantes que um jovem pode imaginar em ter! Na primavera, canoagem, caiaque,escaladas e pernoites na montanha,caminhadas em trilhas,arvorismo..
O grupo que faz OUTDOORS é sempre supervisionado por 2 instrutores da escola.
Outro diferencial da escola na NZ , diferente do Canadá e Inglaterra : O MEC ( Brasil), obriga os intercambistas a cursar 4 matérias: uma matematica, uma humanas, uma biológicas , o ingles + educação fisica ( que ela optou pelo OUTDOORS que essa escola oferecia). Além das obrigatórias, a NZ ainda manda escolher 2 eletivas, o que é outra experiência rica: Rafa optou por Culinária e Turismo, abriu seus horizontes e teve lots os fun, claro! A Turismo estuda os assuntos do país e viaja com os meninos, olha que legal! Para eles verem in loco o que estudaram ( a geografia, o relevo, atividade economica, historia, etc). Viagem de 2 dias, pertinho, barato, uma farra para eles, porém com a supervisão direta da escola, que leva, vai, fica e volta com eles.
A VIAGEM DE IDA E DE VOLTA – eu escolhi não participar de nenhum dos trechos, para que ela se virasse mesmo com o novo grupo, com a situação de aeroporto, malas, tudo by herself ( sem mommy´s), e ela cresceu muito com isso. Na volta , a mesma coisa: voltei 5 dias antes dela. ( Será que ainda vou para o céu depois dessa???? kkkk )
* Espero com isso ter dividido com as mães de intercambistas de agora e dos próximos 2 anos, as minhas dúvidas, aflições , escolhas, e no final de tudo, a minha opinião, que não é conselho, claro! é só a minha verdadeira opinião de uma experiencia super recente que acabamos de viver aqui em casa . Quem já está acompanhando e me perguntando várias coisas, pode continuar, e vou continuar respondendo,viu? *